Não é nosso objetivo estudar a violência, em seus efeitos e origens. Vamos apenas abordar um de seus aspectos: os agenciadores e facilitadores do roubo, que é uma forma de violência indireta sobre o cidadão.
As empresas de vigilância e seus vigias
Existe um nível visível de profissionalismo que pode ser visto em algumas empresas de segurança, que aplicam a tecnologia à sua atividade e aplicam protocolos visíveis e eficientes às suas atividades. E existem outras que dão um ar de profissionalismo duvidoso à sua ação, perceptível na falta de preparo e de compromisso de seus empregados. Isto pode ser constatado com uma simples conversa com estes cidadãos que se abrogam vigias profissionais, mas que tem interesses inconfessáveis nesta profissão.
A filosofia perceptível dos maus profissionais de vigilância é a sua ação seletiva. A casa protegida e os seus carros, pagantes da vigilância prestada, são olhados com afinco. Mas se houver outros carros próximos ou casas de não pagantes, eles fazem vista grossa aos meliantes que os cobiçam.
Mas ai vem o pior. Eles dão a dica:
"Essa e aquela vocês não mexem não, mas aquela outra e mais a outra, eu não olho, e nem estou vendo"
E a isto podem ser acrescentadas informações, como quantos moram e em que horários estão ausentes. E em último nível, ganham até um dinheiro para se afastarem durante a ação dos ladrões. Então, eles podem trabalhar com a segurança da "autoridade" que toma conta da rua.
Os sinais visíveis
Uma vez investigados, alguns vigias serão descobertos como estando em uma situação econômica incompatível com uma profissão que se nivela a de um porteiro de edifício residencial. Muitos tem imóveis comerciais alugados, viajam todo ano para locais onde não se esperaria que pudessem ir, e podem dar carros para os filhos, tudo isto sem ter tido nenhuma herança significativa.Um outro sinal é o seu desprezo pela polícia, em expressões como "polícia não quer saber de pegar o vagabundo; é mais fácil vir em cima do vigia; se me perguntarem alguma coisa, eu digo que não vi nada, pois se falar, eu é que vou preso".
Ou seja, bem combina este discurso com o jeito do brasileiro que tem desprezo pela autoridade e trabalha para que ela tenha o máximo de descrédito possível.