terça-feira, 17 de maio de 2011

Mendigos e aproveitadores - A face hipócrita da caridade

Pegávamos um taxi, quando um rapaz morador de rua veio também pegar um. Realmente ele não ia ser o sujeito da corrida. Fazia-o em favor de uma pessoa na porta do supermercado Carrefour. Indignado, o motorista do nosso taxi começou a resmungar que aquilo era mais um vagabundo, e que não dava "um centavo sequer para esta raça".

A indignação se devia à história de vida do taxista que nos conduzia. Catou comida jogada fora para comer. Foi engraxate dos 11 aos 15 anos. Largou o ofício de engraxate para ser garçon ganhando a metade do que anteriormente, por ser a profissão de garçom mais digna. Teve que parar de estudar para ajudar a família. Depois foi pintor e pedreiro, e diz que todo o dinheiro que ganhou foi fazendo isto. Chegou a construir casa para os outros, lucrando até 14 mil a cada uma construída. Comprou o primeiro taxi com 55 mil, todo o dinheiro de seu trabalho, de sua labuta, de seu suor.

E não ficou só aí. Meteu o pau nos espíritas, segundo ele os maiores responsáveis pela manutenção da vagabundagem do povo da rua, com suas sopas na madrugada. Realmente os pobres servem de massa de manobra para oportunistas e para políticos interessados em seus votos. Troca de favores tão velha e conhecida. Para o motorista, ajuda é colocar a pessoa no trabalho.

O homem ficou possesso a corrida toda, indignado, por ser prova viva de que dada uma oportunidade, e aproveitada a pessoa engrena na vida.

E temos que ouvir isto porque fomos educados com a falsa idéia de caridade, reforçada pelos meios televisivos. Um outro motorista nos contou que educou 6 filhos (hoje tem 65 anos) com o taxi, trabalhando, dando duro. E um dos filhos é médico e próspero.

Pense, excetuando os que realmente tem problemas mentais, o restante é pior que os políticos. São homens públicos (estão na rua, todos os conhecem pelos apelidos ou pelo hábito), soltam um "Deus te abençoe" como os discursos vazios dos políticos, e tomam seu dinheiro com a maior facilidade. É igual. E uns bobos, como o disse o motorista (que tem muita probidade para falar), ainda lhes dão uma sopa na madrugada.

PENSE e deixa de ser otário.

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