sábado, 2 de setembro de 2017

A morte de um rapaz no Hangar 677

Como é a vida dos jovens hoje em BH

Faça uma experiência, durante as férias, saindo de BH para cidades menores. Você pode ficar alguns dias em São João del Rei, Tiradentes, Diamantina, cidades não muito pequenas, e ver como vivem os jovens, considerando a faixa de 16 a 21 anos.
As amizades não são feitas mais entre vizinhos. Elas passaram a ser feitas pelas Redes Sociais. O mecanismo não está errado. O que acaba se configurando como erro é o TAMANHO DO CÍRCULO DE AMIGOS. Se o jovem tem um círculo de amigos grande, as opções de lazer, e a frequência dos mesmos também se torna grande. E, para quem tem uma pequena ideia de estatística, a PROBABILIDADE DE ERROS, ENGANOS E FRUSTRAÇÕES aumenta EXTRAORDINARIAMENTE.
Os adolescentes, faixa de jovens propensa a mais enganos, ficam muito em casa jogando videogame, entrando em Redes Sociais, e arranjando tanto amizades quanto conflitos virtuais.
E, no fim de semana, todos estes jovens, mesmo de grupos de amizade diferentes, acabam se encontrando em uns poucos lugares de diversão CONTROLADA.

O Hangar 677

Como o jovem precisa MOSTRAR PARA A COMUNIDADE JOVEM que é uma pessoa socialmente inserida, DESCOLADA e notória, entre os seus semelhantes, ele acaba indo frequentar o "point" da época. Um dos poucos lugares que corresponde a este nível é o Hangar 677, casa de reunião para diversão (boate, como aparece nos noticiários, não é o termo da nossa época).
Mas o nível acarreta uma série de providências severas e, entre elas, está a segurança.

O assunto é Segurança

Um dos péssimos hábitos dos donos de casas de shows é contratar Policiais Civis para (1) fazer este serviço, ou (2) contratar e instruir seguranças de acordo com os seus métodos.
Segurança de festas é papel de pessoal treinado para primeiro dialogar, em segundo lugar imobilizar e, em terceiro lugar, conduzir o CRIA CASO às autoridades policiais, seja o Juizado de Menores, seja a Delegacia especializada.

O Policial Civil está acostumado a lidar com bandidos e contraventores, e não com jovens de famílias com um certo nível social.

Outro erro é encarar o uso, simples uso, de drogas, como assunto afeto à segurança, em ambientes controlados, como são as festas. E tem mais. Existe a confusão entre as substâncias inaladas por queima, ou sem ela, e as alcoólicas, denominando todas de DROGAS. Álcool talvez seja a substância com maior poder para EXALTAR e aumentar a periculosidade dos jovens (assim como no caso de adultos, como é notório). O fumo da Canabis tem efeito estupefaciente. Já o do crack provoca a falta de avaliação de riscos, como é o da cocaína.

Mas as instruções dos seguranças englobam tudo como DROGA e excluem o álcool, numa generalização perigosa, irresponsável e mortal. A instrução está totalmente errada, e repleta de preconceitos.

Os jovens que demoram muito tempo no banheiro, tirando as instruções expressas da gerência, sobre frequentadores habituais, que devem ser respeitados, são, inevitavelmente, abordados. E, nesta faixa etária, a maioria é muito VALENTE, infelizmente.

Se os pais pedem aos filhos que se comportem, nestes lugares, perdem seu tempo, pois o instinto gregário (de matilha) faz com que ele fique topetudo, resistente, falastrão e desafiador. Eos seguranças, pelo seu lado, querem mostrar que podem manter a "ordem no poleiro".

Outro aspecto deste tipo de casa de encontros de jovens é o fato de que um ou mais sócios, declarados ou não, são Policiais Civis.

Intrigas

O despreparo psicológico de quem zela pela segurança dos jovens, alvos dos eventos, leva estes "respónsáveis", já adultos, a acreditar EM QUALQUER UM que chega e diz nos seus ouvidos "AQUELE ALI ESTÁ COM DROGAS", motivados pela INVEJA. Então temos o o óbvio equívoco que se deu. E colocar drogas no bolso de um defunto é muito fácil, ou então mostrar as drogas e falar que eram dele.

Resultado

Seguranças não bem escolhidos, com visões preconceituosas, valentes e rígidos, somados aos jovens drogados e exaltados, ou não drogados mas valentes, provocam a inevitável confusão, e o resultado como a da morte de Allan Guimarães Pontelo, de 24 anos.

Solução

Então cogitam de fechar todas as casas deste tipo. Errado como solução milagrosa. O correto é exigir pessoas treinadas por profissionais não de segurança, e sim do ramo que lida com jovens, como psicólogos, pedagogos, membros de conselhos tutelares ou do juizado de menores. O jovem que cria caso em festas, se exalta, procura consumir drogas escondido, e desafia as autoridades, mesmo maior, se comporta como um guri, um fedelho, ou seja, um "MENTALMENTE MENOR", daí incluir profissionais que lidam com menores.

Conclusão

Se a juventude mudou, o comportamento das autoridades deve mudar, de acordo com o rumo que a sociedade tomou, pois se espera mais inteligência de nossas autoridades do que dos jovens que ela deve conduzir ao amadurecimento.

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