sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O desabamento no Rio de Janeiro - Descaso das metrópoles

O problema tem muito a ver com Belo Horizonte, apesar de ter ocorrido em seu estado vizinho.

Apesar de Belo Horizonte ser mais jovem que o Rio de Janeiro, capital mais madura e até capital federal por anos, onde viveu a corte de D. João VI, estamos formando um passivo arquitetônico que merece um cuidado.

Em termos comparativos, o Rio de Janeiro foi formando este passivo ao longo de anos, primeiro em ritmo lento, até que outras metrópoles fossem se formando. No entanto, após os anos 70-80, a aceleração de crescimento se deu em todas as capitais brasileiras em um ritmo igual. Em outras palavras, a construção de edificações com mais de 4 andares experimentou um ritmo de crescimento muito parecido nestas cidades.

Ora, não é por ser mais nova ou mais velha que uma capital tem mais ou menos edificações, pois o contexto nacional estimula os investimentos, pelas características de nossa economia interna e pela proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil.

E o mesmo acontece em relação ao descaso com bens e serviços em todo o território nacional. No âmbito das edificações isto se torna flagrante pela dificuldade em se obter candidatos a síndico dos condomínios. A taxa de condomínio e a taxa de melhorias é considerada supérflua pelos moradores, que passam de cidadãos inconscientes e mal-formados.

E além desta falta de responsáveis querendo ser responsáveis, acrescente-se o perigoso "faça você mesmo", expressão do "vamos resolver de qualquer forma e o mais barato possível". Muitos empresários, vendo o seu negócio crescer, ao invés de investirem com qualidade, resolvem implantar melhorias por sua própria conta, e fazer as coisas por sua própria conta e risco, pois a fortuna costuma fazer aumentar a avareza ao invés da visão.

Foi o que aconteceu com o dono da empresa Tecnologia Organizacional que ocupava alguns andares do edifício Liberdade que caiu dia 25 de janeiro. Vendo que os negócios melhoravam, resolveu fazer uma reforma no terceiro e nono andares, sem consultoria de um engenheiro, pois demora e traz gastos. Prá que gastar se pode fazer de qualquer jeito ? Este é o pensamento da maioria dos empresários sem visão e medíocres que temos em nosso país. Para comprovar, a obra, conforme informações do CREA e consulta à Secretaria de Urbanismo do Estado do Rio de Janeiro, NÃO TINHA REGISTRO.

Conforme testemunho de um funcionário da Tecnologia Organizacional , as vigas de sustentação do terceiro andar foram danificadas com a obra. Outros ocupantes do prédio, que se salvaram, disseram que do elevador podiam ver os operários "martelando" as colunas do terceiro andar.  Ora, se a obra tivesse a presença de um engenheiro, isto NUNCA seria feito, pois as vigas de sustentação são os corpos pelos quais o peso do prédio é descarregado. Ao fragilizarem a estrutura do terceiro andar, a obra clandestina expôs o prédio inteiro ao colapso.

Em Belo Horizonte temos visto muitas caçambas nas ruas, e numerosas reformas. Perguntamos: será que estas caçambas correspondem à obras legais ou improvisadas no interior das edificações que as hospedam ?


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