quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Lula, Dilma, PT e a ilusão da cidadania

Depois da libertação dos escravos, passaram-se alguns anos, e os sociólogos chegaram à conclusão de que os negros estavam libertos, mas não estavam inseridos na sociedade.

Seguiram-se anos em que a elite foi moldando o sistema econômico, de forma a barrar, sem que a maioria pudesse notar, o crescimento econômico das camadas inferiores da população. Isto era feito estrategicamente através de leis coercitivas, impostos e consolidação de grupos de interesse, que mantinham os mais humildes fora dos acessos às riquezas.

Um dos meios utilizados era o de restringir o crédito. Restringir não, proibir. E as razões dadas sempre eram derivadas de "gatilhos" que provocavam inflação. Através dos meios de comunicação, a população era condicionada a temer a INFLAÇÃO, representada por um dragão nos jornais, e cognominada de monstro. Foi o discurso e simbolismo promovido pelas elites.

No entanto, um espertalhão descobriu que podia criar um "dinheiro pós-pago". Já viu isto. Surgiu o Credicard e o American Express. Dinheiro de plástico. Mas eles só emprestavam em troca de garantias. Portanto, só rico gozava do privilégio.

Nos anos 90, as operadoras de cartão de crédito começaram a enviar cartões para as residências de funcionários do estado e de grandes empresas, na base de "se você não quiser, vá ao banco e cancele". E algo deve ser perguntado a este respeito:

Como é que as operadoras conseguiram estas listas de funcionários ?

Muito fácil. Elas remuneram pessoas que consigam informações e listas para malas diretas.

As classes C e D entram na dança

Pois bem. Então estes funcionários, pelo fato de trabalharem em empresas do governo ou grandes firmas, se tornaram um mercado consumidor em potencial. Um mercado seguro para as operadoras: pessoas com salário fixo em empresas estáveis. Anos depois, eles passaram por cima deste critério e começaram a oferecer cartão e crédito para todo mundo.

Para que isto fosse possível, o Governo do PT, populista e demagogo, teve que se assentar numa mesa com os grandes financistas. Ofereçam crédito, e nós lhes daremos vantagens. Que vantagens ? Leis frouxas.

As firmas de cobrança terceirizadas proliferaram feito filhotes de coelhos. É óbvio que grande parte das pessoas não honrou suas dívidas, e foram cobradas. Teve muita ameaça de levar as pessoas ao SPC/SERASA. Muitos acordos foram feitos, e a lei teve que ser endurecida. Eles não podem mais mandar cartões para a casa de ninguém, só com permissão da própria pessoa. Não podem mais ameaçar os clientes.

E as operadoras, mesmo com regulamentação mais rígida, descobriram o filão das classes mais pobres. Podem demorar a pagar, podem ficar inadimplentes por um tempo, mas depois saldam as dívidas. Agora as operadoras não querem mais largar o osso.

Inclusão financeira

Ocorreu então a entrada (definitiva) das classes "C" e "D" no mercado consumidor. E agora vem o pior. Sendo inseridas no consumo, como as demais classes, estas pessoas PENSAM que são tão cidadãs quanto as das outras classes. No entanto, ninguém ganha visão de cidadania pelo simples fato de entrar no mercado de consumo. Pagar mais imposto não significa ser mais cidadão que os outros.

Conclusão

Os empresários do ramo das industrias queriam aumentar o seu rol de clientes, os empresários do crédito queriam aumentar seus ganhos, e o PT queria inserir os "excluídos monetários". Fizeram um acordo, e surgiu a "FESTA DO CRÉDITO". Mas o povo começou a consumir, sem querer crescer integralmente, como consumidor e como pessoa. Resultado: O PT não conseguiu obter a cidadania para o povo, mas conseguiu ganhar e manter o poder .


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